Polo cerâmico do sul catarinense vive fase de expansão e aquece o mercado de trabalho
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Criciúma e região recuperam protagonismo com crescimento da demanda interna e avanço nas exportações
O sul catarinense, em especial Criciúma e os municípios vizinhos, experimenta um momento de renovada prosperidade econômica impulsionada por um setor que faz parte de sua identidade produtiva: a indústria cerâmica. Após um período de retração marcado por instabilidades econômicas, altos custos logísticos e incertezas no cenário internacional, o setor retoma com vigor sua trajetória de crescimento, trazendo otimismo para empresários, fortalecendo o emprego e irradiando efeitos positivos por toda a cadeia produtiva.
Dois vetores se destacam como motores dessa recuperação: o fortalecimento do consumo no mercado interno, com sinais consistentes de aquecimento, e a expansão firme das exportações, especialmente voltadas para países da América Latina. Nessas nações, há uma procura crescente por produtos que unam qualidade, design diferenciado e preços competitivos — exatamente os atributos que fazem do polo cerâmico catarinense uma referência.
Uma tradição que se reinventa a cada década
A indústria cerâmica no sul de Santa Catarina possui uma história que atravessa gerações. Desde meados do século XX, a região se especializa na fabricação de pisos, azulejos, revestimentos e louças sanitárias, atendendo tanto a demandas residenciais quanto grandes projetos comerciais e corporativos. Esse passado sólido, porém, não significa que as empresas tenham ficado presas ao tempo.
Indústrias sediadas em Criciúma, Içara, Cocal do Sul e Morro da Fumaça adotam constantemente novas tecnologias, modernizam maquinário e investem na qualificação de seus quadros. Esse processo de atualização contínua garante que os produtos locais atendam aos padrões de resistência, acabamento e estética exigidos por clientes cada vez mais exigentes.
Mercado interno como propulsor do crescimento
A retomada da construção civil no Brasil é um dos principais fatores que impulsionam a demanda por revestimentos e demais produtos cerâmicos. Programas governamentais de habitação, obras de infraestrutura e uma onda de reformas residenciais e comerciais contribuem para manter o setor em alta.
Na prática, isso se reflete em números que impressionam. As empresas da região têm registrado volumes de encomendas que não eram vistos desde antes da pandemia. Capitais e cidades médias absorvem grande parte dessa produção, demandando uma rede logística ágil e profissionais qualificados em diversas áreas, como operação de máquinas, controle de qualidade, design de produto e transporte.
Exportações ganham espaço na América Latina
Ao lado do consumo interno robusto, o comércio exterior tem papel crescente no desempenho da indústria cerâmica do sul catarinense. Nos últimos dois anos, as exportações para Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai, Peru e Colômbia aumentaram significativamente. Esses mercados valorizam o equilíbrio entre estética inovadora, durabilidade e preços acessíveis — características nas quais o polo de Criciúma se destaca.
Para ampliar essa presença, as empresas investem na diversificação de coleções, no desenvolvimento de peças que atendam às preferências culturais e arquitetônicas de cada país e na adequação a rigorosas normas técnicas internacionais. A localização estratégica, próxima ao Porto de Imbituba e relativamente próxima ao Porto de Itajaí, garante custos logísticos menores e prazos de entrega mais competitivos em relação a outros polos globais.
Empregos e impacto na economia local
O reaquecimento das atividades industriais já trouxe reflexos concretos para a geração de empregos. Somente no último ano, mais de 1.200 postos de trabalho — entre diretos e indiretos — foram criados no setor cerâmico do sul catarinense. A expectativa é que esse número continue crescendo, impulsionado por contratos de exportação e pela continuidade de obras no território nacional.
O efeito multiplicador alcança diferentes segmentos. Transportadoras, fabricantes de embalagens, fornecedores de matérias-primas, empresas de manutenção industrial, restaurantes e hotéis se beneficiam do aumento na circulação de pessoas e recursos. A chegada de trabalhadores de outras regiões contribui para movimentar ainda mais a economia local, gerando um ciclo virtuoso de consumo e renda.
Tecnologia e compromisso com a sustentabilidade
Um dos fatores que sustentam a competitividade do polo cerâmico de Criciúma é a incorporação constante de novas tecnologias. Muitas fábricas já utilizam linhas de produção automatizadas, impressão digital de alta resolução para criação de estampas e sistemas de controle de qualidade baseados em inteligência artificial, capazes de identificar imperfeições e otimizar processos.
No campo ambiental, as indústrias avançam com soluções sustentáveis. São cada vez mais comuns iniciativas como o reaproveitamento de água, a reciclagem de resíduos cerâmicos e a adoção de fontes energéticas mais limpas. Essas práticas reduzem o impacto ambiental e reforçam a imagem das empresas perante consumidores e parceiros internacionais que exigem responsabilidade socioambiental de seus fornecedores.
Qualificação profissional e inovação conjunta
O ritmo acelerado de produção exige mão de obra qualificada. Para suprir essa demanda, empresas do setor têm estabelecido parcerias com instituições como SENAI, universidades e escolas técnicas. São oferecidos cursos voltados à operação de maquinário, controle de qualidade, logística e design, garantindo que os trabalhadores estejam preparados para atuar em um mercado cada vez mais competitivo.
Além disso, essa conexão entre indústria e educação fomenta a pesquisa aplicada e a inovação de produtos. Entre os resultados já obtidos estão revestimentos com propriedades antibacterianas, peças com maior resistência mecânica e soluções personalizadas para atender demandas específicas de construtoras e arquitetos.
Perspectivas até 2027: manter o ritmo e expandir mercados
O otimismo no setor é compartilhado por empresários e especialistas, que projetam a manutenção do crescimento até, pelo menos, 2027. A estratégia passa por ampliar o alcance no Brasil, consolidar a presença nos principais mercados latino-americanos e explorar novos destinos, como países da América Central e do Caribe.
Para sustentar essa trajetória, será essencial continuar investindo em modernização, pesquisa e práticas sustentáveis. A habilidade de aliar tradição e inovação permanecerá como marca registrada do polo cerâmico catarinense, assegurando que Criciúma e região mantenham seu lugar de destaque no cenário nacional e internacional.
Ao combinar solidez histórica, inovação tecnológica e visão estratégica de mercado, o polo cerâmico do sul catarinense demonstra que é possível transformar desafios em oportunidades, gerando desenvolvimento econômico e social duradouro.