Energia limpa transforma Tubarão em polo estratégico e movimenta mercado de trabalho
Floripa há vagas - Invalid DateSetor eólico e solar gera empregos e amplia perspectivas para engenheiros e técnicos no sul catarinense
Tubarão (SC) – O sul de Santa Catarina está vivendo uma verdadeira revolução no setor energético. A região, historicamente conhecida por sua vocação industrial e por atividades ligadas à mineração, passa agora a ser reconhecida como um dos territórios mais promissores para a geração de energia a partir de fontes renováveis, principalmente a eólica e a solar fotovoltaica. Esse avanço representa não apenas uma transformação na matriz energética local, mas também a criação de novas oportunidades de emprego e desenvolvimento social.
A chegada de investimentos vultosos, vindos tanto de iniciativas governamentais quanto do setor privado, tem levado empresas especializadas em energia limpa a instalar operações na região e a abrir vagas para técnicos em eletromecânica e engenheiros em diferentes áreas. Essa movimentação reposiciona Tubarão e municípios vizinhos no cenário nacional, fazendo com que o sul catarinense ganhe protagonismo na transição energética brasileira.
As bases de um novo ciclo energético
Relatórios de associações e entidades do setor destacam que a região tornou-se um ponto estratégico para novos empreendimentos energéticos. Três fatores principais explicam essa atratividade:
Logística e infraestrutura consolidadas: a presença de rodovias, proximidade com portos e fácil acesso a centros de distribuição tornam o escoamento de equipamentos e serviços mais eficiente;
Disponibilidade de mão de obra em formação: escolas técnicas, universidades e o SENAI vêm formando profissionais que já encontram espaço imediato no mercado;
Características naturais adequadas: planaltos com ventos regulares e áreas com alta incidência solar oferecem condições ideais para instalação de aerogeradores e painéis fotovoltaicos.
Esses elementos colocam cidades como Tubarão, Capivari de Baixo, Laguna e Imbituba na rota de investimentos de multinacionais e grandes grupos nacionais.
O crescimento das fontes limpas no Brasil e em Santa Catarina
Nos últimos anos, o Brasil consolidou-se como uma das nações que mais investem em energias alternativas. De acordo com dados do setor, o país figura entre os dez maiores produtores de energia eólica do mundo e, ao mesmo tempo, está entre os líderes em instalação de usinas solares de médio e grande porte.
Santa Catarina, tradicionalmente associada à geração hidrelétrica, passou a diversificar sua matriz. Parques eólicos foram erguidos em áreas de planalto, aproveitando ventos consistentes, enquanto fazendas solares ocuparam terrenos antes destinados à agricultura extensiva. Essa mudança reduz riscos de desabastecimento e garante maior equilíbrio ao sistema nacional.
Na região de Tubarão, anúncios recentes confirmaram a expansão de dois parques solares de grande porte e a instalação de novas turbinas em municípios vizinhos. Essa decisão estratégica reforça o compromisso do estado com a redução de emissões de gases de efeito estufa e fortalece a posição do Brasil na corrida global por soluções sustentáveis.
Novos empregos: perfis mais demandados
A expansão do setor abriu espaço para profissionais de diferentes níveis de qualificação, mas os mais procurados continuam sendo os técnicos em eletromecânica e engenheiros em diversas especializações.
Técnicos em eletromecânica: responsáveis por inspecionar, reparar e garantir a manutenção de sistemas elétricos e mecânicos dos parques solares e eólicos. São peças-chave para a continuidade segura das operações.
Engenheiros eletricistas: atuam na integração das usinas à rede nacional de distribuição, supervisionam linhas de transmissão e asseguram a eficiência do fluxo energético.
Engenheiros mecânicos: voltados para o funcionamento das turbinas, sistemas de engrenagens e demais estruturas de suporte de aerogeradores.
Engenheiros ambientais: cuidam da avaliação de impactos, certificam-se do cumprimento da legislação ambiental e garantem que os empreendimentos sejam compatíveis com as normas de sustentabilidade.
Além desses, surgem vagas em TI, logística, segurança do trabalho e gestão de projetos, evidenciando que a cadeia da energia limpa é complexa e interdisciplinar.
Educação e capacitação como pilares
A expansão das energias renováveis obrigou instituições de ensino a se adaptarem rapidamente. Em Tubarão e região, o SENAI e universidades locais lançaram cursos específicos de energias renováveis, eletrotécnica, mecânica industrial e sustentabilidade aplicada.
Parcerias com prefeituras e escolas: empresas oferecem estágios, treinamentos e bolsas de estudo;
Formação local: jovens e trabalhadores conseguem ingressar em um setor promissor sem precisar migrar para outras regiões;
Currículos atualizados: faculdades adaptaram disciplinas de engenharia elétrica, mecânica e ambiental para atender às exigências das novas tecnologias.
Esse movimento cria um círculo virtuoso: empresas têm acesso a mão de obra qualificada, instituições de ensino fortalecem seu papel social e estudantes encontram oportunidades concretas de carreira.
Impactos sociais e econômicos da expansão
A instalação de parques eólicos e solares tem efeitos muito além da geração direta de empregos.
Durante a construção: centenas de trabalhadores temporários são contratados, movimentando setores de hospedagem, alimentação e transporte.
Na operação permanente: novas vagas estáveis oferecem segurança financeira para famílias da região.
Diversificação econômica: municípios antes dependentes da mineração de carvão, da indústria cerâmica ou da pesca passam a contar com alternativas baseadas em inovação e sustentabilidade.
Valorização de propriedades rurais: agricultores e pequenos proprietários encontram na cessão de terrenos para usinas solares uma fonte adicional de renda.
Essas transformações reduzem desigualdades e promovem desenvolvimento regional sustentável.
Sustentabilidade como pilar do futuro
O Brasil está entre os países mais bem posicionados para liderar a transição energética mundial. A diversidade geográfica e climática permite o uso combinado de hidrelétricas, energia solar, eólica e biomassa.
No caso específico de Santa Catarina, a expansão dos parques no sul do estado representa também uma resposta à necessidade de diversificação frente às crises hídricas. A energia do vento e do sol atua como complemento às usinas hidrelétricas, reduzindo riscos de desabastecimento.
A médio prazo, especialistas acreditam que Tubarão poderá abrigar centros de pesquisa, incubadoras de startups e polos de inovação dedicados à energia sustentável, consolidando-se como referência nacional.
Depoimentos: vidas transformadas pela energia limpa
Mariana Alves, engenheira eletricista:
“Passei anos trabalhando fora e não imaginava que minha cidade teria tantas oportunidades. Voltei porque percebi que havia campo para crescer e contribuir com a sustentabilidade. Hoje, me sinto realizada e orgulhosa.”João Ricardo de Souza, técnico em eletromecânica:
“Pensava que teria de me mudar para Florianópolis ou Joinville. Agora posso trabalhar na minha área, perto da família, e ainda com perspectivas de carreira em ascensão.”
Os relatos mostram como a presença das empresas não afeta apenas indicadores econômicos, mas também o cotidiano das pessoas, permitindo que talentos locais permaneçam na região.
Desafios que precisam ser superados
Apesar do otimismo, ainda existem obstáculos importantes:
Infraestrutura elétrica: necessidade de ampliar redes de transmissão para dar conta da nova produção.
Capacitação constante: atualização de técnicos e engenheiros diante da rápida evolução tecnológica.
Sustentabilidade integral: mesmo sendo menos agressivas, as energias renováveis precisam respeitar ecossistemas e comunidades locais, exigindo rigor no licenciamento ambiental.
Somente com planejamento contínuo será possível garantir que o crescimento aconteça de forma equilibrada.
Conclusão
Tubarão e o sul de Santa Catarina estão diante de uma virada histórica em sua economia. A chegada das empresas de energia limpa gerou empregos, valorizou a região e abriu novas perspectivas de futuro sustentável.
Esse movimento não se resume à criação de postos de trabalho: ele coloca a região em evidência no cenário energético nacional e projeta um novo modelo de desenvolvimento, baseado em inovação, sustentabilidade e inclusão social.
Se os investimentos forem acompanhados de políticas públicas adequadas, qualificação profissional e respeito ambiental, Tubarão poderá consolidar-se como um dos maiores polos brasileiros de energia renovável, conciliando progresso econômico, qualidade de vida e preservação da natureza.