Desemprego no Brasil Cai a 6,1% e Marca Nova Etapa da Economia
Foripa ha vagas - novembro 28, 2025
Oportunidade histórica para consolidar avanços, mas desafios estruturais ainda pedem atenção
O Brasil encerra 2024 com um dos dados mais relevantes para sua economia e para a vida de milhões de famílias: a taxa de desemprego caiu para 6,1%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se do menor índice registrado em mais de uma década, desde 2012, quando o país ainda surfava na onda de crescimento do início da década passada.
Mais do que um número, esse resultado sinaliza que o mercado de trabalho brasileiro entrou em uma nova etapa, marcada pela recuperação da confiança de consumidores e empresários, pela retomada de investimentos e pelo fortalecimento de setores estratégicos.
Ainda há, porém, 6,8 milhões de brasileiros em busca de emprego. Esse contingente revela que, apesar da queda expressiva, o desafio não está totalmente superado. A comparação com os anos mais críticos é elucidativa: durante a pandemia, o país chegou a contabilizar mais de 12 milhões de pessoas desocupadas, um cenário de devastação social que deixou marcas profundas.
De uma década de perdas a sinais de amadurecimento
Nos últimos dez anos, o Brasil viveu uma verdadeira montanha-russa econômica. Em 2012, quando o desemprego estava em níveis semelhantes aos atuais, a percepção era de otimismo. Contudo, a partir de 2014, a combinação de crise fiscal, instabilidade política e retração econômica inaugurou um período de incertezas que se estendeu por vários anos.
Entre 2015 e 2017, o índice de desemprego ultrapassou os 13%, refletindo a maior recessão da história recente do país. Milhões perderam postos de trabalho, muitos migraram para atividades informais e outros abandonaram a busca por emprego diante da escassez de oportunidades.
Em 2020, com a pandemia da Covid-19, a situação se agravou: a taxa atingiu mais de 14%, somando-se à vulnerabilidade da saúde pública e à retração econômica global.
O cenário começou a mudar em 2021, com a retomada gradual das atividades presenciais. Em 2023, políticas de estímulo, expansão do crédito e maior previsibilidade macroeconômica deram fôlego à recuperação. Finalmente, em 2024, os resultados consolidaram a percepção de que o país pode estar iniciando um novo ciclo econômico.
Serviços e comércio: motores da recuperação
Entre os setores da economia, o de serviços foi, sem dúvida, o grande responsável pela geração de empregos em 2024. Representando mais de 70% do Produto Interno Bruto (PIB), essa área absorveu mão de obra em atividades como transporte, turismo, hospedagem, alimentação, tecnologia da informação e serviços financeiros.
O turismo doméstico teve papel crucial nesse processo. Com o real desvalorizado em relação ao dólar, viajar para o exterior ficou mais caro, levando muitos brasileiros a explorar destinos internos. Essa mudança de comportamento aqueceu hotéis, pousadas, restaurantes e agências de turismo, resultando em milhares de novas vagas.
O comércio varejista também foi decisivo, tanto nas lojas físicas quanto no ambiente digital. O crescimento do e-commerce, aliado às vendas em datas comemorativas, impulsionou a contratação de temporários e, em muitos casos, transformou esses empregos em vínculos permanentes. Pequenos negócios, em especial, mostraram resiliência e foram grandes responsáveis por abrir espaço para novos trabalhadores.
Na construção civil, programas habitacionais e obras de infraestrutura — como estradas, saneamento e energia — movimentaram o setor. Grandes empresas e empreendimentos privados ampliaram contratações, beneficiando principalmente trabalhadores de baixa e média qualificação.
A questão da informalidade
Apesar da recuperação, a informalidade continua sendo um dos principais obstáculos. Segundo o IBGE, 39% dos trabalhadores brasileiros estão em atividades informais. Isso significa que quase quatro em cada dez pessoas não têm carteira assinada, previdência ou garantias trabalhistas.
Esse quadro representa um risco social e econômico. Em momentos de instabilidade, esses trabalhadores são os primeiros a perder renda. Além disso, a elevada informalidade prejudica a arrecadação do Estado e dificulta o planejamento de políticas públicas.
Embora os últimos 12 meses tenham mostrado avanços na formalização, com aumento expressivo de trabalhadores contratados com carteira assinada, a transformação estrutural ainda está longe de ser alcançada.
Desigualdades regionais persistem
A melhora no mercado de trabalho foi percebida em todas as regiões do país, mas de forma desigual.
Sudeste e Sul apresentaram os menores índices de desemprego, resultado da diversificação econômica, da presença de polos industriais consolidados e da forte base de serviços.
Nordeste, embora tenha registrado queda, ainda concentra uma das maiores proporções de desocupados. A dependência de atividades sazonais e as desigualdades históricas explicam parte dessa disparidade.
Norte se beneficiou da expansão do agronegócio e do comércio interestadual, mas enfrenta limitações de infraestrutura que restringem o avanço mais acelerado.
Centro-Oeste manteve sua força na agroindústria e nos serviços corporativos, ampliando oportunidades em diferentes níveis de qualificação.
Essas diferenças revelam que o Brasil ainda tem o desafio de reduzir o desequilíbrio regional no acesso ao emprego e ao desenvolvimento econômico.
Renda e consumo em ascensão
Outro ponto positivo em 2024 foi o aumento da renda média real do trabalhador, que cresceu 3,2%, já descontada a inflação. Isso significa que, além de mais empregos, os brasileiros passaram a contar com maior poder de compra.
Esse ganho de renda impacta diretamente o consumo, um dos motores centrais da economia. Famílias passaram a investir mais em alimentação, vestuário, lazer e bens duráveis, o que retroalimenta a cadeia produtiva e fortalece ainda mais a criação de postos de trabalho.
Oportunidade e risco em 2025
As perspectivas para 2025 são otimistas, mas cautelosas. Economistas acreditam que a taxa de desemprego deve permanecer próxima a 6%, consolidando um patamar mais saudável para o mercado de trabalho.
Contudo, essa continuidade depende de fatores cruciais:
Investimento em qualificação profissional, especialmente em áreas ligadas à tecnologia e à inovação.
Estabilidade fiscal e previsibilidade econômica, que atraem investimentos internos e externos.
Incentivo à formalização, para reduzir a dependência de trabalhos precários.
Ampliação da infraestrutura e logística, sobretudo em regiões menos desenvolvidas.
No cenário internacional, riscos como a desaceleração da economia global e oscilações nos preços de commodities podem afetar o desempenho brasileiro. No plano interno, a instabilidade política e eventuais impasses fiscais também permanecem como ameaças.
Conclusão: um marco que exige responsabilidade
Chegar ao índice de 6,1% de desemprego em novembro de 2024 representa muito mais do que um número positivo: simboliza o reencontro do Brasil com a possibilidade de um ciclo econômico mais estável e inclusivo.
Depois de mais de uma década marcada por crises, o país vê sinais concretos de amadurecimento em seu mercado de trabalho. Entretanto, o desafio que se impõe agora é maior: transformar essa melhora conjuntural em avanços estruturais.
Reduzir a informalidade, diminuir as desigualdades regionais e investir fortemente em educação e qualificação profissional são passos essenciais para garantir que esse progresso seja duradouro.
Se o Brasil souber aproveitar essa oportunidade histórica, 2024 poderá ser lembrado como o ano em que o país não apenas saiu da crise, mas também começou a construir as bases para uma economia mais resiliente, inovadora e inclusiva.